segunda-feira, 11 de junho de 2012

DISCURSO E PRÁTICAS DE MODERNIZAÇÃO EM ARACAJU NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX E SEUS REVESES



                                  UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
TEMAS DE HISTÓRIA DE SERGIPE II

ACADÊMICO: Ronaldo Brasil dos Santos






DISCURSO E PRÁTICAS DE MODERNIZAÇÃO EM ARACAJU NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX E SEUS REVESES












São Cristóvão/SE,
11 de junho de 2012


INTRODUÇÃO
            O presente trabalho, apresentado a disciplina Temas de História de Sergipe II e sob a orientação do professor Dr. Antônio Lindivaldo Sousa, traça alguns pontos paradoxais a respeito da modernização de Aracaju no início do século XX.

O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO: DISCURSOS E PRÁTICAS
            A professora Terezinha Oliva1 afirma que a transferência da capital de São Cristóvão para Aracaju significou um “divisor de águas” na história de Sergipe. Realmente, a elevação abrupta de um simples povoado a condição de cidade2 trouxe algumas preocupações com relação ao futuro de Aracaju. Os jornais foram um importante meio difundidor de textos relacionados à necessidade de transformações...

Aracaju é uma cidade toda oficial. Sua população cresce lentamente. Uma localidade das mais insalubres da Província, cujas condições higiênicas pouco têm melhorado. Deveria ser uma cidade que convidasse os homens ricos da Província ter aqui suas casas e pudessem atrair os habitantes de outros pontos. (Jornal A Liberdade, apud SANTOS, 2008, p. 22)

O discurso dos idealizadores da transferência, sobretudo Inácio Joaquim Barbosa, começou a ser rebatido ao tempo em que o próprio Inácio Barbosa falece acometido por malária, não por coincidência, as doenças epidêmicas foram um dos principais problemas enfrentados pela cidade para que se desenvolvesse rapidamente.
            Para LE GOFF (1984)3, modernidade significa, sobretudo, romper com o passado, esquecer, lembrar-se apenas que se é novo, atual. Para o discurso evolucionista que predominava entre a intelectualidade sergipana no início do século XX, Aracaju conseguia finalmente, após cerca de meio século, tomar ares de uma cidade nova,

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1 Ver artigo “Aracaju na História de Sergipe” publicado na REVISTA DE ARACAJU. Prefeitura Municipal de Aracaju: FUNCAJU. N° 09. Ano LIX. 2002, p. 115.
2 Ver projeto de lei sobre a mudança da capital apresentado pelo presidente de Província Inácio Joaquim Barbosa à Assembléia Provincial em 1º de março de 1855, disponível na REVISTA DE ARACAJU. Prefeitura Municipal de Aracaju: FUNCAJU. N° 11. Ano LXII. 2005, p. 146.
3 Apud VELLOSO, Mônica Pimenta. O modernismo e a questão nacional. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucília de Almeida Neves. O Brasil republicano: o tempo do liberalismo excludente. V. 1. 2ª edição. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2006, p. 353.

moderna, de fundação recente em 1855. Entretanto, como afirma o professor Waldefrankly Rolim de Almeida Santos4 “... modernizar em Aracaju significa ampliar o traçado de Pirro que já apresentava problemas graves para o processo de expansão”. A colocação de Santos demonstra que o processo de construção da cidade e a resolução dos problemas de habitação e higienização foram longos.
A historiadora Maria Nely Santos5 em sua análise sobre as condições físicas de Aracaju na década de 1870 afirma que:

A cidade-capital atravessou os anos 70 esgotando e aterrando pântanos, charcos e mangues que prejudicavam a expansão da habitabilidade e era uma séria ameaça à salubridade pública. Embora desacompanhado de incorporação de obras de saneamento e melhoramentos materiais, estava em andamento o processo de ampliação e transformação do espaço urbano. (SANTOS, 2008, pag. 23).

Apesar das dificuldades, Aracaju saia da incômoda situação de estrutura incipiente, repleta de mangues, lagos, dunas, mata, mosquitos e doenças a atingir seus primeiros habitantes citadinos, para se comparar a outras capitais brasileiras e estrangeiras. Vemos que nesses discursos há certos exageros, mas demonstra a importância das modificações para a época:

Como ave branca que voa dos pântanos para o azul do céu, Aracaju – a cidade inviável – a envolver dentro da água estagnada, da terra inundada, desvencilhou-se rápida das faixas das primeiras idades para parecer radiosa flor do progresso, bela na retidão de suas ruas, nos esplendores de seus panoramas... (O Estado de Sergipe apud Sousa, 2010, pag. 115)

Aracaju já possuía nos primeiros anos do século XX, de maneira audaciosa, elementos que significavam um fausto em sua existência: “Inaugurações de praças públicas, aterros de lagos, de[s]bastamentos de morros, de equipamentos urbanos (energia elétrica, bondes etc.)” (SOUSA, 2010, pag. 115)

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4 Ver artigo “Modernidade e Moradia: aspectos do pensamento sobre a habitação popular no processo de modernização das cidades sergipanas (1890 – 1955)” publicado na REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE. Volume 01, nº 01 (1913). Aracaju: Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, nº 40/2010, p. 96 e 97.
5 SANTOS, Maria Nely. Aracaju: um olhar sobre sua evolução. Aracaju: Triunfo, 2008, p. 23.

O discurso e as ações de modernização aconteciam de diversas formas. Em maio de 1911 era inaugurada em Aracaju a Escola Federal de Aprendizes Artífices. Sua função era formar em grau técnico profissionais para a nova indústria que surgia na cidade. O médico Augusto Leite expressa em seu discurso a importância de tal escola para o progresso de Sergipe. Nesse contexto a escola tem o papel de mantenedora da ordem através da educação e estímulo à obediência do operário com relação ao patrão. Surge, dessa forma, o discurso glorificador do trabalho. “Conforme os princípios positivistas, a ciência e a indústria assegurariam o progresso, enquanto que a moral e a educação manteriam a ordem.” (SOUSA, 2010, pag. 120).
Vários defensores da modernização escreviam e discursavam clamando a urgência por higienização, calçamento, drenagem e demolição de habitações antigas que não combinassem com o novo traçado das ruas e avenidas e com os novos modelos de habitações.

Governo, higienistas, intelectuais e jornalistas, que faziam parte de um mesmo “grupo” de idealizadores do discurso modernizador, sentiam a necessidade de ampliação no processo de ocupação da cidade, interferindo nas novas áreas ocupadas por indivíduos pobres que chegavam, principalmente do interior de Sergipe. Desejavam eles enquadrar determinadas áreas de habitações pobres dentro do modelo de núcleo urbano projetado, ou seja, seguir o modelo já idealizado e que na prática já surtia efeito na região chamada de “quadrado de Pirro”. Esses idealizadores “olhavam” a cidade numa dimensão maior e projetavam imagens de uma certa “harmonia” para toda cidade.


Nesse mesmo período, migra para Aracaju tanto gente da elite, que procura o melhor lugar para construir suas residências, quanto pessoas pobres que eram enquadradas nos Códigos de Condutas6 elaborados pelos representantes políticos. Os donos de indústrias, por sua vez, se apropriavam desse discurso tentando contribuir para o crescimento da cidade, no intuito de agregar mão de obra como, como pode ser notado na estratégia de construção de vilas operárias.
Embora a República até então não tenha ampliado significativamente os direitos sociais e políticos da grande maioria da população, no campo econômico ouve fortes sinais de modernização. Graças a Aracaju a economia sergipana se diversificou, atraindo investimentos e influenciando as transformações sociais com o aumento da população citadina. O historiador Ibarê Dantas mostra dados estatísticos em sua obra

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6 Os Códigos de Condutas, de um modo geral, eram leis que estabeleciam comportamentos por parte dos habitantes da cidade, como o horário de permanência nas ruas, a proibição do consumo de bebidas alcoólicas etc.
O Tenentismo em Sergipe7 quanto o aumento populacional vertiginoso na década de 1920. Já em História de Sergipe República (1889 – 200) DANTAS afirma que

Não obstante o pequeno avanço político, Sergipe viveu um período de modernização. A economia continuou muito dependente da produção açucareira, mas diversificou-se. As indústrias têxteis se propagaram e prosperaram, gerando muitos empregos. Os serviços urbanos melhoraram bastante, graças a parceria dos empresários com o Estado... (DANTAS, 2004, pag. 74)


O REVÉS DA MODERNIZAÇÃO
            O historiador José Murilo de Carvalho8 foi um dos primeiros estudiosos a se debruçar criticamente sobre o significado real da República brasileira. O autor discute como o regime Republicano se mostrou contraditório, sendo imposto à sociedade. CARVALHO (2004) analisa o suporte ideológico empregado pelo aparelho do Estado. A solução vista para controlar a população e manter os privilégios da elite era forjar o imaginário popular, usando abusivamente de símbolos, mitos, heróis e hinos.
Em sua obra Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi José Murilo analisa como se deu a cidadania no processo republicano, igualando-a à estadania9 . “Oitenta por cento da população do Rio de Janeiro não tinha direito à participação pelos mecanismos eleitorais, 20 por cento tinha tal direito, mas não se preocupava em exercê-lo”. (CARVALHO, 1987, p. 91)
Como José Murilo menciona, a República trazia consigo novos ventos de modernização, mas continuava excludente. José Ibarê Dantas em Coronelismo e Dominação faz apontamentos importantes de como o Coronelismo ajudou a manter antigas relações de dominação de uma elite político-econômica sobre o povo, fazendo do público campo propício para a satisfação dos interesses privados.

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7 O autor mostra que a migração na década de 1920, segundo dados do IBGE, foi três vezes maior que a década de 1910. Em Aracaju no ano de 1900 a população era de 21.132 habitantes, subindo para 37.440 em 1920 e 42.469 em 1924.
8 Ver em: CARVALHO, José Murilo de. A Formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
9 Ao analisar a cidadania no Brasil no início da República o autor conclui que a mesma estava ideologicamente relacionada com o papel de obediência de as pessoas deveria assumir diante do Estado, ou seja, só se poderia adquirir cidadania (algum direito) estando inserido no projeto de nação elaborado pelo dirigentes do Estado.
Assim como no Rio de Janeiro, em Sergipe o nível de participação popular na vida política permanecia baixo...

... enquanto o primeiro [censo de 1890] mostrou que cerca de 89% da população não sabia ler nem escrever, o segundo [censo de 1920] registrou que ainda havia 83% na mesma situação, continuando praticamente à margem do processo civilizatório. (DANTAS, 2004, p. 74)

A modernização de Aracaju representa o processo civilizatório mencionado por Dantas. Como a condição para votar era ser alfabetizada, muita gente ficou excluída desse direito. Além disso, outras formas de exclusão foram adotadas. Por exemplo, a população pobre que vivia em casas de taipa no “quadrado de Pirro” foi obrigada a fugir para as regiões periféricas, continuando relegada à exposição de doenças, onde só lhe cabia os castigos da polícia quando da imposição das leis.
O romancista Amando Fontes retrata em suas principais obras o cotidiano sofrido das pessoas pobres da Aracaju moderna. Os Corumbas trata do fracasso da vinda de uma família pobre do interior para a Aracaju. Os seis anos que os Corumbas passaram na cidade foram repletos de decepções e desgraças. A vida em Aracaju se mostrou perversa, sendo a única alternativa o retorno para o interior. O romance, embora represente apenas um caso de êxodo rural que não deu certo, expõe os males da civilização, dentre eles a mudança de valores no ambiente da cidade e a exploração do trabalho nas fábricas.
Em Rua de Siriri é abordado o caso das prostitutas que foram obrigadas a morar na rua de Siriri por determinação do chefe de polícia. O drama das personagens retrata a expulsão desse seguimento social do centro da cidade (“quadrado de Pirro”) para se amotinarem na região do Morro do Bonfim (atual Rodoviária Velha), assim como grande maioria de pobres, dentre comerciantes e operários possuíam um espaço pré- determinado ou permitido para morar.
Ao retomar o conceito de modernização apontado pelo historiador francês Jacques Le Goff, percebemos que a modernização pela qual passou a cidade de Aracaju teve um caráter de esquecimento do passado, mas não rompeu com certas práticas a bem da manutenção das estruturas de poder. Dessa forma, essa modernização excludente denuncia o valor ideológico do discurso que a gerou10.
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10 O discurso ideológico, em linhas gerais, possui um valor de inversão do imaginário, muitas vezes do próprio real, uma racionalidade própria da persuasão, um jogo de idéias que são falsas no conteúdo e verdadeiras na forma. Sobre a discussão de ideologia ver: •BOUDON, Raymon. A ideologia ou a origem das idéias recebidas. São Paulo: Ática, 1989. •CHAUÍ, Marilena; FRANCO, Maria Sylvia Carvalho. Ideologia e Mobilização popular. 2ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. •FIORAN, José Luiz. Discurso e Ideologia. 1ª edição. São Paulo: Atual, 1988.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
            O discurso modernizador no início do século XX em Aracaju, ao mesmo tempo em que construía a imagem de uma nova era para a sociedade sergipana, nos permite, hoje, analisá-lo criticamente ao ponto de percebermos toda ideologia utilizada pela elite para realizar uma modernização a sua maneira, sem uma significativa expansão da cidadania e da democracia presentes nos princípios republicanos. Essa modernização sem mudanças nas estruturas sociais se deu ora pela manutenção da política coronelística ora pelo favorecimento do capital burguês e industrial em ascensão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOUDON, Raymon. A ideologia ou a origem das idéias recebidas. São Paulo: Ática, 1989.
CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
______________. A Formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
CHAUÍ, Marilena; FRANCO, Maria Sylvia Carvalho. Ideologia e Mobilização popular. 2ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
CORRÊA, Antônio Wanderlei de Melo; ANJOS, Marcos Vinícius Melo dos. História de Sergipe para vestibulares e outros concursos. Aracaju: 7ª Reimpressão, 2009.
DANTAS, Ibarê. História de Sergipe República (1889 – 2000). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2004.
_____________. O Tenentismo em Sergipe: da Revolta de 1924 à Revolução de 1930. 2ª edição. Aracaju: Gráfica e Editora J. Andrade, 1999.
_____________. Coronelismo e Dominação. Aracaju/ Universidade Federal de Sergipe- PROEX/CECAC/Programa editorial da UFS: Diplomata, 1987. 
DINIZ, Diana Maria de Faro Leal (coord.); DANTAS, Beatriz Góis; SANTOS, Lenalda Andrade; GONÇALVES, Maria de Andrade; ALMEIDA, Maria da Glória Santana de e OLIVA, Terezinha Alves de. Textos para História da Sergipe. Aracaju: Universidade Federal de Sergipe/BANESE, 1991.
FIORAN, José Luiz. Discurso e Ideologia. 1ª edição. São Paulo: Atual, 1988.
FONTES, Amando. Os Corumbas. 25ª ed. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 2003.
_______________. Rua do Siriri. Rio De Janeiro. Editora edições de ouro. 1968.
SANTOS, Maria Nely. Aracaju: um olhar sobre sua evolução. Aracaju: Triunfo, 2008.
SILVA, Henrique Batista e. História da medicina em Sergipe. Aracaju: Gráfica e Editora J. Andrade, 2007.
SOUSA, Antônio Lindivaldo. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, CESAD, 2010.
SOUZA, Terezinha Oliva de. Impasses do federalismo brasileiro (Sergipe e a Revolta de Fausto Cardoso). Rio de Janeiro: Paz e Terra; Universidade Federal de Sergipe, 1985.
OLIVA, Terezinha Alves de; SANTOS, Lenalda Andrade. Trajetória histórica de Sergipe. São Paulo: Ática, 2002.
VELLOSO, Mônica Pimenta. O modernismo e a questão nacional. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucília de Almeida Neves. O Brasil republicano: o tempo do liberalismo excludente. V. 1. 2ª edição. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2006.

REVISTAS
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE. Volume 01, nº 01 (1913). Aracaju: Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, nº 38/2009.
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE. Volume 01, nº 01 (1913). Aracaju: Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, nº 40/2010.
REVISTA CINFORM MUNICÍPIOS. História dos Municípios. Edição histórica. Aracaju: Editora Globo Cochane, 2002.
REVISTA DE ARACAJU. Prefeitura Municipal de Aracaju: FUNCAJU. N° 09. Ano LIX. 2002.
REVISTA DE ARACAJU. Prefeitura Municipal de Aracaju: FUNCAJU. N° 11. Ano LXII. 2005.

PESQUISAS ON LINE
http://iaracaju.infonet.com.br/serigysite/ler.asp?id=15&titulo=Aracaju150anos. Acesso em 11/06/2012.
http://sergipeiiempauta.blogspot.com.br/2012/05/resenha-do-romance-rua-do-siriri-de.html. Acesso em 11/06/2012.
http://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%A1cio_Joaquim_Barbosa. Acesso em 11/06/2012.
http://iza-guimaraes.blogspot.com.br/2012/05/o-processo-de-modernizacao-em-aracaju.html. Acesso em 11/06/2012.



sexta-feira, 1 de junho de 2012

RELATÓRIO: XIV ENCONTRO SERGIPANO DE HISTÓRIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
TEMAS DE HISTÓRIA DE SERGIPE II

ACADÊMICO: Ronaldo Brasil dos Santos





RELATÓRIO SOBRE O “XIV ENCONTRO SERGIPANO DE HISTÓRIA- IBARÊ DANTAS: HISTÓRIA, MEMÓRIA E HISTORIOGRAFIA”











São Cristóvão/SE,
31 de maio de 2012









Relatório sobre o XIV Encontro Sergipano de História- Ibarê Dantas: história, memória e historiografia, apresentado a disciplina Temas de História de Sergipe II, sob a orientação do professor Dr. Antônio Lindivaldo Souza.
















1.      INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

O XIV Encontro Sergipano de História, no ano de 2012, tem uma temática que por diversas razões é especial.
Primeiramente, ao debatermos sobre a produção historiográfica sergipana refletimos sobre nossas próprias dificuldades e desafios enfrentados no terreno da pesquisa histórica. Em segundo plano, e evento foi uma oportunidade de homenagear um mestre e incentivador da escrita da história: José Ibarê Costa Dantas. O evento- Ibarê Dantas: história, memória e historiografia, aconteceu num momento bastante oportuno em que as monografias tendem a ser substituídas por artigos, fazendo com que o acadêmico deixe de vivenciar a experiência de pesquisador e escrever um tipo de trabalho já consagrado como a introdução a um trabalho de mestrado.
O evento significou a oportunidade, dentre tantas outras reflexões, a de pensarmos na importância dos autores sergipanos tanto para historiografia local quanto nacional e Ibarê é hoje o maior representante quando se fala em Sergipe República, nada mais justo do que discutir sobre suas obras num evento, ao tempo em que nas salas de aulas e nas pesquisas acadêmicas sobre história de Sergipe, suas obras estão sendo recorrentemente citadas.
É inegável a existência de um elo profícuo que uni a Universidade Federal de Sergipe e o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, elo que contribui de diversas formas para resguardar a manutenção de vasta documentação sobre a história de Sergipe. Ibarê Dantas ajudou, sobretudo, quando presidentes do IHGS (2004 – 2009) a manter uma relação estreita entre o instituto e a universidade. Sua generosidade e contribuições, sobretudo, no campo da história política servem de estímulo para futuras pesquisas o que ajudarão a manter vivo o debate e o conhecimento sobre diversas questões sobre a história do nosso Estado, sobretudo, os problemas que afligem o nosso povo.

2.      RELATO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

2.1- CONFERÊNCIA DE ABERTURA- 28/05/2012 (NOITE)
A conferência de abertura do XIV Encontro Sergipano de História- Ibarê Dantas: história, memória e historiografia teve como palestrante o professor Dr. Frederico Neves da Universidade Federal do Ceará, o qual falo fez uma análise das obras “o Nordeste” de Gilberto Freyre e “A invenção do nordeste” de Durval Muniz. O professor Frederico é um grande estudioso da história do Brasil, mais especificamente, da seca no nordeste bem como os movimentos sociais.
Em sua fala, o professor Frederico faz observações bastante pertinentes sobre as obras que se propõe a análise, considerando sua interrelação com o tema do evento, destacando os conceitos presentes nas obras de Freyre e Muniz discutidos em outros autores, inclusive Ibarê Dantas. Por exemplo, a imagem que foi construída de um nordeste das contradições, do tradicionalismo político, percebido de diferentes formas em outras regiões, mas que no nordeste é vista a marca do banditismo, fanatismo religioso, cangaço, coronelismo e clientelismo, fatores que perpassam a história da República brasileira e que possui fortes resquícios na atualidade. O Conceito alvo de destaque pelo professor Frederico foi o sertão, distinguindo a idéia real de sertão, ou seja, uma área delimitada, indo além da região nordeste e a sertão como sinônimo de nordeste, seca, atraso, como se todo o nordeste sofresse com a estiagem e toda população fosse abarcada por esse fenômeno.
O professor Frederico não se limitou apenas a sua pesquisa, ao ser questionado, fala a respeito das visões estereotipadas do sertão no livro didático, o que o leva a afirmar a importância  do mesmo de modo inovador que traga uma história que parta do concreto para o abstrato e não ao contrário como é percebido atualmente. O professor defende que as práticas docentes têm que ser voltadas para as reflexões conceituais para depois ser dado início ao conhecimento propriamente dito.

2.2- MESA REDONDA: IBARÊ DANTAS E A HISTÓRIA POLÍTICA- 29/05/2012 (MANHÃ)
À mesa redonda, a professora Terezinha Oliva (IPHAN) fala sobre o centenário do IHGS que será comemorado em agosto de 2012, salientando as contribuições de Ibarê para o instituto enquanto o mesmo foi vice-presidente e presidente. Terezinha faz um apanhado de importantes obras de Ibarê Dantas:
O “Tenentismo em Sergipe” de 1974, inaugurando a o leque de produções do autor. A obra teve repercussão nacional, sendo publicada por editora não local e servindo de estímulo para outras produções. A professora destaca que o movimento tenentista em Sergipe foi o mais expressivo do nordeste. Em síntese, a obra trata das revoltas político-militares de 1924 e 26 como uma tentativa de desbancar a velha ordem oligárquica. A obra representa um marco na pesquisa historiográfica sergipana.
 A obra sobre o pai do importante político sergipano do século XX Leandro Maciel foi o último grande livro de Ibarê, com mais de 400 páginas, fato inédito em suas obras, Ibarê trás à tona a história do império, mostrando as contradições biográficas de uma figura política importante no século XIX.
Em seguidas, as colocações de Samuel Albuquerque trouxeram ainda mais informações importantes sobre as obras do homenageado.
Samuel destaca as boas experiências que viveu quando aluno da UFS com o professor Ibarê, dentre elas a chegada do mesmo  em uma de suas aulas de História de Sergipe apresentando uma de suas obras: “Eleições em Sergipe de 1989 - 1964”.
Ibarê Dantas, ao presidir o IHGS, segundo Samuel, ajudou a modernizar a revista do instituto, dentre outras contribuições.
Por fim, Samuel Albuquerque faz uma rápida listagem do quadro de presidentes do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe desde sua fundação em 1912, destacando aqueles considerados memoráveis, dentre eles o professor         Ibarê.

2.3- MESA REDONDA: IBARÊ DANTAS E A HISTÓRIA DA REPÚBLICA EM SERGIPE- 29/05/2012 (NOITE)
A segunda mesa redonda do evento foi composta pelo professor Dr. Francisco José Alves e o professor Dr. José Vieira Cruz (UNIT). Na oportunidade o professor Francisco apresentou suas observações sobre a obra “Sergipe República (1889 – 200)”. Dentre tantos aspectos relevantes o professor Francisco destaca que, ao examinar as fontes utilizadas por Ibarê, percebe a utilização de documentos oficiais de “grandes” personagens da história política. A obra está escrita em primeira pessoa do plural; seu autor procura ser literário em alguns momentos; mostra gosto por termos arcaicos e oriundos do marxismo; não foca somente o político, mas também o social, econômico e cultural, embora não demonstre tanto domínio nos três últimos; o apêndice de sua obra é rico, assim como as lista de fontes.
O professor Francisco salienta ainda uma marcante característica do Ibarê Dantas escritor: a sua coragem quando faz críticas a determinados políticos, inclusive os que estão vivos e compondo o cenário político estadual, assumindo o risco de que essas pessoas podem se ofender com tais críticas, mas percebe-se que esse fato não é o suficiente para limitá-lo.
Em seguida, o professor Vieira dá sua contribuição ao evento falando da importância das fontes e métodos de abordagem citando algumas obras de Ibarê Dantas. O professor coloca que a síntese afasta o diálogo com as fontes, citando o exemplo de “Sergipe República (1889 – 2000)” que, diferentes das outras obras de Ibarê possui esse caráter de síntese, o que abre várias possibilidades de questionamentos e aprofundamentos por seus leitores. Por essa razão, defende que uma obra tem que ser consumida e criticada para que seja realmente conhecida e também para que surjam muitas outras produções que preencham as lacunas deixadas.
Já sobre “A Tutela Militar em Sergipe (1964 -1984)” o professor Vieira que o autor é crítico quando escreve sobre os excessos do Regime Militar. Porém, não é demonstrado que Ibarê assuma ser adepto da direita ou da esquerda, não deixando de criticar nenhum dos dois lados.

2.4- SESSÃO DE COMUNICAÇÕES- 30/05/2012 (MANHÃ)
De acordo com os trabalhos apresentados, vários temas foram discutidos entre os presentes. Dentre eles, a temática da Educação Patrimonial, o patrimônio aracajuano e a metodologia do uso da revista em quadrinhos como recurso para a Educação Patrimonial.
O cinema também foi abordando, sendo discutido entre alunos e professores a apropriação dessa poderosíssima máquina formadora de opinião pelos regimes fascistas, como o caso citado do governo franco na década de 1960 na Espanha.
A história de Sergipe é novamente lembrada quando é mencionada a figura contraditória do udenista Leandro Maciel que governou Sergipe de 1955 a 1960, além das repercussões em seu governo sobre o suicídio de Vargas.
Foram discutidos também os aspectos da administração da Capitania de Sergipe Del Rei. O doutorando em História Social pela UFBA Luís Siqueira tenta, em sua tese, questionar a abordagem tradicional de Felisbelo Freire que descreve a capitania de Sergipe como um espaço de desordem e desleixo do poder português e Maria Tethis Nunes que carrega uma visão marxista, colocando Sergipe como lugar de exploração e subordinação à capitania da Bahia. Com isso o estudioso ratifica a presença de são Cristóvão como cidade, pois o conceito de urbanidade na época era diferente e a mesma possuía uma estrutura administrativa considerável, apesar de até mesmo Gregório de Matos, em um de seus poemas, menosprezar essa condição, mas o poeta cita a palavra cidade no próprio poema.

2.5- MESA REDONDA: IBARÊ DANTAS E A HISTORIOGRÁFIA SERGIPANA- 30/05/2012 (NOITE)
As contribuições do professor Dr. Antônio Lindivaldo Sousa e o professor Dr. Antônio de Araújo Sá foram importantíssimas para concluir as diversas análises feitas às obras do professor Ibarê Dantas, não somente por serem atuantes, vivenciando o andamento de diversas pesquisas sobre Sergipe República e sentirem na prática o quanto as obras de Ibarê Dantas são requisitadas, mas também por serem especialistas em história e historiografia de Sergipe e do Brasil.
            O professor Fernando Sá fez citação de alguns pontos nas obras de Ibarê Dantas, destacando a necessidade da visitas aos arquivos por parte dos estudantes. O professor Fernando criticou o “paroquialismo” de alguns estudantes ao elaborarem seus trabalhos monográficos, sem nenhuma crítica, delimitação correta do tempo histórico que pretendem abordar e a ausência do diálogo entre a história local e nacional. Outro ponto em destaque foi a representatividade das obras de Ibarê na historiografia nacional, trazendo discussões abordadas por autores como Sergio Buarque de Holanda e José Murilo de Carvalho a respeito da problemática que circula em torno da construção ou implantação da democracia no Brasil.
            O professor Lindivaldo, em sua fala, mostra dados bastante interessantes sobre a quantidade de monografias que citam as obras de Ibarê.
            “O Tenentismo em Sergipe” e “A Revolução de 30 em Sergipe” tornaram-se obras de referência em trabalhos monográficos e outros trabalho de professores do Departamento de História. Assim como se tornaram obrigatórias as leituras de Maria Tethis Nunes quando o tema é sobre colônia e império, o mesmo acontece com Ibarê Dantas quando o tema é sobre Sergipe República.
            De acordo com o levantamento do professor Lindivaldo, “O Tenentismo em Sergipe” de 1974 é citado em 33 monografias; “Coronelismo e Dominação” de 1987 em 24 trabalhos; “Partidos Políticos em Sergipe (1889 – 1964)” é o mais citado com 56 monografias; “A Tutela Militar em Sergipe (1964 – 1984)” em 32 e “Sergipe República (1889 – 200)” em 28 trabalhos monográficos.

2.6- CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO- 31/05/2012 (MANHÃ)
            Ao falar sobre suas obras e sua vida de pesquisador, Ibarê Dantas faz uma retrospectiva de vida, de dedicação à História de Sergipe. Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe, Dantas foi bancário, mas não deixou de se relacionar com a academia, logo viajando a Campinas onde fez mestrado em Ciências Sociais. Ao retornar a Sergipe ingressa no corpo docente da UFS, momento em que suas primeiras obras já têm certa repercussão nacional. O que o levou a pesquisar sobre temas voltados para a história de Sergipe foi, sobretudo, a pouca produção historiográfica e a curiosidade de entender como acontecimentos de repercussão nacional se desenvolveram em Sergipe, outro motivo Ibarê revela: a história nacional sempre contada pelos paulistas, enaltecendo seu papel na história nacional e esquecendo-se das vicissitudes de outras regiões.  
            Dantas faz algumas considerações que merecem reflexão. O mesmo se mostra triste com a tendência ao fim das monografias, pois considera suas pesquisas de suma importância para o sucesso de suas obras e vê que atualmente isso está se perdendo.
            Por fim, Ibarê Dantas fala sobre algumas curiosidades em suas obras. Por exemplo, em “A Tutela Militar em Sergipe (1964 – 1984)” o autor conta que entrevistou uma quantidade expressiva de 40 pessoas e que essa obra trouxe repercussão e constrangimentos, pois muitas pessoas se incomodaram com suas críticas.

3.      CONCLUSÃO

Atualmente, o professor/mestre Ibarê Dantas faz parte de um cenário de intelectuais e estudiosos da história e Sergipe como sua própria esposa Beatriz Góis Dantas, professora Verônica, Terezinha Oliva, dentre outros que com contribuições nos deixam orgulhosos e bem mais corajosos em engendrar no mundo da pesquisa histórica, pois, embora não estejam na universidade estão sempre dispostas a ajudar nos transmitindo um pouco de suas experiências. Entretanto, O professor Ibarê aponta que suas obras não são completas, há muita coisa ainda a ser aprofundada, assim como obras mais gerais a serem escritas, se dependermos de um “pontapé inicial”, com certeza, teremos o exemplo liberdade de expressão, compromisso com o método da pesquisa e erudição do cientista político sergipano e historiador José Ibarê Costa Dantas.  




quarta-feira, 30 de maio de 2012

RESENHA: OS CORUMBAS


            Apesar de ter nascido em Santos/SP em 15 de maio de 1899, Amando Fontes foi de família oriunda de Sergipe, Estado em que passa grande parte de sua infância. Nos primeiros anos de sua adolescência, Amando demonstra sério interesse pelas leituras ficcionais de José de Alencar, Eça de Queirós, Émile Zola, Ramalho Ortigão entre outros. Sua trajetória de vida foi bastante dinâmica, sendo jornalista, advogado e Deputado Federal e Estadual, passando por Estados como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. A partir de 1946, como Deputado Estadual, Fontes passa a influenciar a política do Estado de Sergipe com atuações de destaque, sendo um dos signatários da carta Constitucional do mesmo ano. Fez discursos, projetos, emendas, pareceres, o que garantiu-lhe a reeleição em 1950. O autor faleceu em 1º de dezembro de 1967. Em sua trajetória como escritor literário deixou duas belas obras cujo cenário é sua saudosa Aracaju: Os Corumbas e Rua de Siriri.
O romance Os Corumbas foi publicado em 1933 quando Amando Fontes se encontrava no Rio de Janeiro, logo consegue grande prestígio por parte de grandes escritores da época como Mário de Andrade que felicita o autor por seu romance ser bem escrito, entrelaçado, pela perfeição de seus personagens, e, sobretudo, pelo seu dom de dialogação. João Ribeiro foi o primeiro crítico que, na imprensa brasileira, se manifesta a favor de Os Corumbas por ser um romance como poucos. Suas colocações elogiosas ratificam a repercussão positiva que teve o romance para época em que foi publicado.
A década de 1930 representou na história econômico-social brasileira uma ruptura definitiva com os moldes de produção voltados somente para monocultura agrícola. A economia brasileira se diversifica, a indústria e o comércio ganham força, o que confere o surgimento de um modelo de exploração do trabalho concentrado nos centros urbanos. Vestidos de modernização, esses novos hábitos de vida citadinos se mostravam contraditórios, pois, ao mesmo tempo que havia o discurso de novos e bons tempos, a miséria, a exploração, a falta de higiene e segurança nas fábricas continuava relegando a classe trabalhadora aos modelos desumanos de vida outrora percebidos no campo. No Estado de Sergipe, esse processo não foi diferente, a elite político-econômica de Aracaju se apropriou do discurso modernizador e civilizatório encabeçado pelo desejo dessa própria elite de imitar o “avanço” da Europa em seu modelo fabril de produção em série, introjetando na sociedade a necessidade de mudança através do trabalho. Essa palavra (trabalho) passou a disciplinar a vida de quem morava em locais estrategicamente periferizados pelas elites aracajuanas que buscavam as melhores áreas da cidade para erguer suas casas.
É neste cenário de exclusão que o romance que Os Corumbas representa uma obra de reflexão sobre a realidade sergipana e brasileira, um romance sobre o proletariado que mostra o revés da modernização.
Antônio de Alcântara Machado escreve sobre Os Corumbas no ano de sua publicação afirmando ser a obra a abertura de um novo rumo na literatura brasileira, sem estigmatismo de folclorização da figura do retirante sertanejo que foge para cidade em busca de melhores condições de vida. Assim, o romance deixa de ser essencialmente idealizado, descritivo para ter um cunho ao mesmo tempo neo-realista e pré-comunista.
Os Corumbas trata da vinda de uma família pobre do interior para a Aracaju industrializada. Em busca de melhores condições de vida Sá Josefa e seu Geraldo saem com seus quatro filhos de um pequeno povoado do interior sergipano para morar em Aracaju. Na cidade suas filhas mais velhas Rosenda e Albertina poderiam trabalhar em uma fábrica de tecidos e ter bons casamentos. O filho Pedro poderia conseguir um emprego como ferreiro ou maquinista e a filha mais nova Caçulinha poderia estudar e ser professora. Na cidade o ritmo de vida era guiado pelo apito das fábricas, sobretudo a Sergipe Industrial e a Têxtil.
Devido a um longo período de estiagem, a vida no campo se torna insustentável. Casados e com a necessidade de sustentar os filho e lhes dar um futuro digno Sá Josefa e Geraldo vêem na cidade a possibilidade de arrumar emprego e grande chance de melhorar de vida.
Porém, os seis anos que a família de Sá Josefa passou na cidade foram repletos de decepções e desgraças, acontecimentos que desonraram a família e retirou o sonho de serem felizes. Pedro, apesar de ser fechado em seu mundo trava amizade com um intelectual, através do qual entra em contato com textos de Lênin. A partir de então Pedro envolvido nos ideais comunistas, participa de uma greve geral, fato que causa sua prisão e consequente deportação para o sul do país.
Rosenda e Albertina tornam-se operárias. Só que para desgosto da família, Rosenda foge com o namorado, o cabo Inácio dos Santos. Albertina sofre assédio do patrão na fábrica, é iludida e abandonada, logo caindo na prostituição.
As condições financeiras da família não são boas, o que aflige e os obriga  a passar por uma série de constrangimentos. A desagregação da família leva Sá Josefa e seu Geraldo ao infortúnio. A vida na cidade se mostrou perversa e a única alternativa que lhes restou foi o retorno vergonhoso e desolador.
Apesar de ser considerado um romance proletário, a obra não dá conta de todas as percepções possíveis do proletariado. É uma história dentre outras que compunham o cenário sócio-histórico da Aracaju moderna do início do século XX. Obviamente, nem todas as famílias oriundas do interior tiveram um destino drástico como os Corumbas, nem tão pouco há um antagonismo entre a cidade e o campo, este como lugar bom e aquele como lugar ruim. Portanto é preciso levar em consideração o caráter ficcional e a micro-história envolvida na trama. Todavia, podemos destacar que, assim como tantas outras obras literárias ou não, o romance de Amando Fontes é fruto de suas acepções, uma pessoa que escreveu mergulhada num tempo e num espaço diferentes do nosso, com esperanças e desventuras do seu tempo histórico, mas que mesmo assim consegue ser atual à medida que fala de problemas sociais que ainda afligem nossa sociedade.

REFERÊNCIA
FONTES, Amando. Os Corumbas. 25ª ed. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 2003.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

RESENHA DA OBRA: ENSINO DE HISTÓRIA: FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE CIRCE MARIA FERNANDES BITTENCOUR

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE- UFS
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS- CECH
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA- DHI
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA- PIBID


ORIENTADORA: Prof.ª Dra. CÉLIA COSTA CARDOSO                                                        RONALDO BRASIL DOS SANTOS






RESENHA DA OBRA: ENSINO DE HISTÓRIA: FUNDAMENTOS E MÉTODOS DE CIRCE MARIA FERNANDES BITTENCOURT










São Cristóvão,
Fevereiro de 2011

            Suas contribuições na área de ensino de história e participação em diversas obras fazem de Circe Maria Fernandes Bittencourt uma referência no tocante ao ensino no Brasil, seus métodos e fundamento ao longo da história da educação brasileira. Recentemente vem trabalhando com a formação de professores e tem se dedicando à educação indígena.
            Suas orientações de cursos de pós-graduação trazem para suas obras novas abordagens e questionamentos sobre o ensino de história em todo país. Há, inclusive, no presente tralhado, referências feitas a grupos de pesquisas, os quais considera de suma importância para mostrar as dados sobre o ensino e contribuir com apontamentos recentes pois o ensino é algo dinâmico e requer um acompanhamento rigoroso por parte do pesquisador.
            É justamente a preocupação de Circe Bittencourt com questões inerentes ao ensino de história que insticou um trabalho sobre seus fundamentos e métodos. Os questionamentos e polêmicas que circundam a área educacional e as polêmicas sobre o método de ensino ideal para as novas gerações são lançadas no intuito de ajudar o público docente, chamando a atenção para os novos desafios da profissão.
             A partir do ano de 1967, quando obtem o nível superior, Circe se envolver a história das disciplinas escolares e Currículos além de estudos sobre a história do livro didático. Não só suas pesquisas mas também os trabalhos de tantos outros pesquisadores brasileiros e estrangeiros ajudaram a compor a presente obra, cuja intenção central é abrir caminhos para uma prática de ensino prazerosa e ao mesmo tempo difícil e desafiante.
            A autora trás uma vasta linha de discussões a cerca da história do ensino de história dividido sistematicamente em três unidades. Como abordagem essencial para a importância da prática escolar, trás uma reflexão sobre o conceito de disciplina escolar, fazendo apontamento de alguns autores ingleses e franceses sobre como eles vêem a disciplina escolar e sua relação com o conhecimento produzido na academia.
            Segundo o pesquisador francês Yves Chevallard, que rotula a disciplina escolar como apenas sendo uma “transposição didática do conhecimento acadêmico, a disciplina escolar depende do conhecimento erudito e que essa didática vulgariza o conhecimento científico. Alguns estudiosos, sobretudo franceses e ingleses não legitimam o conhecimento produzido em sala de aula, outros vão mais além, acreditam numa hierarquização entre os dois níveis, em que o conhecimento escolar e totalmente dependente do conhecimento acadêmico, o papel do professor é de um adaptador do conhecimento científico ao meio escolar, fazendo uso da didática para transformar esse conhecimento acessível aos alunos.
            Cice Bittencourt também expõe as versões antagônicas, citando o inglês Ivor Goodson e o francês André Chervel que defendem a disciplina escolar como entidade específica e com um conhecimento próprio e distinto do acadêmico. Seus argumentos se baseiam no caráter prático que o conhecimento escolar possui, o qual dispõe de uma nova conotação, ou seja, a ação dos agentes sociais e políticos, os quais necessitam de mudanças constantemente, fazendo-os abandonar, muitas vezes, referências científicas.
            Segunda André Chervel, as disciplinas escolares se constituíram de acordo com as necessidades sociais que variam no tempo e no espaço, ou seja, o desenvolvimento industrial, a tentativa de criar um sentimento patriótico na sociedade etc, criam necessidades no meio escolar, ou numa cultura escolar e estabelecem finalidades conteúdos, métodos e forma de avaliação das disciplinas que compõem, não aleatoriamente, o currículo escolar.
             Em seguida, Ivor Goodson é novamente mencionado quando a autora fala que o conhecimento escolar produz seu próprio conhecimento, atendendo as necessidades sociais e políticas, tomando como exemplo, a Educação Ambiental.
            Para o historiador francês Henri Moniot, a divisão dos períodos históricos surgiu de uma necessidade escolar que forneceu modelos para a academia criando áreas de pesquisa em História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. Os cursos superiores, mencionado o caso específico de História se apóiam no conteúdo do livro didático ou de programas de vestibulares. Com tom de conclusão, Bittencourt encerra com a afirmativa que a História escolar tem um perfil próprio, assim como a academia e que não se pode separar os dois níveis de conhecimento.
            Ao destacar o papel do professor neste processo, Circe inicia o parágrafo “Professores e Disciplina Escolares” afirmando ser o professor um peça fundamental do processo de ensino e que é ele quem transforma o saber a ser ensinado em saber a ser apreendido. O professor não é um mero “reprodutor do saber, sua atividade exige saber complexo, desenvoltura, domínio.
            Para os estudiosos do saber docente, o canadense Maurice Tardif e a brasileira Ana Monteiro, os professores dominam os saberes das disciplinas, os currículos, o saber da formação profissional e os saberes da experiência, dessa forma, o saber docente deve ser reconhecido como saber original.
            Como componente da primeira unidade o capítulo II faz um breve histórico do ensino de história.
            Isolado do conhecimento científico na época do Brasil império, a História, dentro do ensino tinha funções determinadas pelos agentes políticos, como para desenvolver na criança um sentimento de identidade nacional com o intuito de homogeneizar. Em 1827 no Brasil, o básico considerado para se aprender no ensino primário era leitura, escrita e aritmética. Qualquer tema histórico abordado tinha o caráter exemplar de dever patriótico e respeito aos governantes. Os vertentes históricas abordadas nas escolas tinha a finalildade específica de modelar comportamento e a forma de pensar do indivíduo vista pela História Sagrada (aplicada muitas vezes sob sabatina e castigos físicos, História Patriótica, cívica e moralista, A história Heróica e a História Biográfica. Caucando-se, sobretudo no modelo educacional francês, o Brasil acabou adotando estereótipos preconceituosos europeus que levaram ao enaltecimento de uma história elitizada, voltada para contar apenas as glórias que os “descobridores” tiveram ao levar a “civilização” ao Brasil.
            Em seguida a autora fala de da memorização do processo de aprendizagem que perdura até hoje no sistema de ensino brasileiro, como datas nomes e frases repetidas em toda parte.
            Já no ensino secundário no primeiro império, prevalece uma história humanística de estudos clássicos e do latin, esse tipo de conhecimento diferenciava a elite do povo iletrado e sem acesso à educação. Esse mesmo humanismo  é bastante criticado  pelos cientistas posittistas que se voltavam para para a influência do capitalismo industrial, a ahistória e usada essencialmente para justificar ações e louvar os constritores do estado-nação, um herói branco, europeu, sobretudo português. Seja nas escolas ou nos discussos públicos eram contada uma história fantasiosa e manipulada pelos agentes do poder. Tansmitia-se ao povo a idéia de uma Europa boa e bela, berço da nação brasileira. Isso explica, por exemplo, a organização dos períodos históricos em quais o Brasil “nasce” depois do medievo, vem sempre depois como algo “atrasado”. A História Geral é tida como algo maior, mais importante.
            Ainda dentro do histórico da disciplina, temas na obra da Circe Maria Fernandes Bittencourt tópicos dedicados às renovações curriculares e a atuação dos novos métodos e tecnologias o qual elenca uma necessidade de os novos métodos de ensino entrarem na órbita do mundo globalizado. A autora lança alguns questionamentos sobre como a escola se prepara para receber as novas gerações na “cultura das mídias”. Além disso, ressalva o cuidado com as informações das novas mídias como a televisão e o computador. O acesso a essas novas tecnologias não pode servir  de instrumento de exclusão social e cultural, tendo em vista e realidade precária da escola pública brasileira.
            Diante de tantos desafios que as novas gerações fornecem para as propostas curriculares, podem ser destacados alguns avanços:
·         Maior autonomia do professor;
·         Fundamentação pedagógica construtivista;
·         O aluno é visto como sujeito do processo, interferindo no andamento com seu “conhecimento prévio”.
         Desde a década de 1930 que formuladores de propostas curriculares já vinham
Pensando em substituir as História e Geografia por Estudos Sociais tendo como influência pedagógica as teorias do suíço Jean Piaget (1896 – 1980), segundo a qual as crianças desenvolvem por estágios determinados pela maturação biológica que delimitam sua capacidade de aprendizagem, ou seja, nas séries iniciais do primário as crianças não teriam condições de aprender conceitos históricos, lhe bastando um conteúdo bem mais simples como a realidade de sua família ou do seu bairro e a sociedade que a redeiam, cabendo às séries posteriores (atual 5ª ano) o estudo da história mundial e dos conceitos. Esse modelo foi implantado a partir da década de 1960 pelos governos militares. A partir de 1985, sob propostas e reivindicações de professores e defensores do retorno da história e Geografia não só no ensino primário (substituindo Estudos Sociais), mas também secundário (substituindo os estudos de Organização Social e Política Brasileira), termina a ditadura e com ela alguns aspectos de seu modelo de ensino.
         A partir de 1985 se tornou cada vez mais presente nas propostas de modelos de ensino no Brasil e se consolidou com a Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB/96) e os novos PCNs (Planos Curriculares Nacionais) o ensino de História e Geografia para todos os níveis de ensino.
         Baseados na perspectiva teórica de um dos grandes críticos da teoria de Piaget, o desenvolvimentalista Levy Vygotsky que considerava as crianças exploradoras independentes de suas condições biológicas, os PCNs prevêem o estudo dos conceitos históricos, noção de tempo e espaço históricos já na alfabetização, partindo de uma premissa que o conteúdo pode ser introduzindo de um modo adequado a cada fase da criança. 
         Ao falar dos PCNs a autora pontua algumas de suas características e objetivos do ensino de história imprícitos como a intenção de criar cidadãos políticos com um sentimento de identidade.
         Bittencourt aborda, embora de maneira sucinta, alguns métodos inovadores no ensino de história que não vingaram, mais causaram polêmica e representaram uma tentativa de ruptura ao sistema de ensino tradicional como a história temática que valoriza as ações sociais ao invés das políticas. Paulo Freire (1921 – 1997) foi um dos maiores representantes de um ensino inovador, totalmente desvinculado de interesses políticos.
         Na unidade II, Circe Bittencourt dispõe de diretrizes de como selecionar os conteúdos históricos e alerta o profissional educador para o “conteúdo significativo”, insistindo que o professor deve ter condições de atender a um público diverso que exige o uso de diferentes estratégias: o alunato. Além disso, deve estar sempre atualizador e atento às produções historiográficas.
         Sobre o conteúdo a ser ensinado, deve-se observar as diversas maneiras de transmiti-lo, por exemplo, uma história narrativa, econômica ou social. A história das mentalidades assim como a história coletiva ou a micro-história, surgidas com o Annales. Novas abordagens possibilitam o aparecimento de novos sujeitos, o que significa uma visão mais social e cultural da história.
         Ao falar sobre conteúdos históricos, surge a crítica da autora sobre o trato atual da história nacional, que vem sendo deixada para segundo plano, dando lugar a uma história geral ou global. O sistema econômico, atrelado ao estágio de uma mundialização da economia, relega a abordagem do nacional a algo menos importante, embora ajam muitas correntes historiográficas que rompem com o modelo de ensino vinculado a padrões político-econômicos.
O mesmo tipo de crítica é feito à história regional subordinada à história nacional, que no caso brasileiro, acaba sendo história da região hegemônica, geralmente São Paulo. A historiadora Maria de Lourdes Janotti enfatiza que as transformações sociais e econômicas não determinam o destino de um país imenso como o Brasil, as outras regiões também tiveram sua parcela de importância no processo histórico. Bittencourt sublinha essa questão com o exemplo do livro didático que privilegia a história do local em que foi produzido.
         Ao dialogar com o leitor a respeito de como o professor de história deve falar dos conceitos em sua disciplina, Circe Bittencourt descreve três procedimentos fundamentais de como dever ser passados conceitos como: capitalismo, escravidão, aristocracia, liberalismo e cidadania:
·         Situá-los no tempo e no espaço;
·         Explicar que são produtos de uma classe, numa determinada época, criados ou substituídos;
·         O contato entre sociedades provocam mutações de conceitos e agregação de outros.
         Em seguida, a autora lança um panorama sobre o método de ensino tradicional e o inovador considerando suas características ao longo do tempo.
         O método tradicional começou a ser criticado no Brasil na década de 1980 quando surgem em sua oposição muitas propostas inovadoras, porém não deve ser banido do ensino tendo em vista que já foram muito importantes e fazem parte de uma cultura escolar e que qualquer mudança que venha a ocorrer dever ser construída e não imposta.
         Dentre os métodos inovadores há o dialético o qual permite o confronte de idéias e a formação crítica do aluno. Em história tem que haver espaço para o contrário, a dúvida, tal perspectiva se torna viável para a educação construtivista prevista nos próprios PCNs. Essa proposta, tão difundida pelo educador Paulo Freire, não abandona o crédito que é dado ao conhecimento prévio do aluno, cabendo ao professor o papel diagnosticar e reorientar.
         Ao elencar a importância da interdisciplinaridade em história para o ensino, Circe Bittencourt cita as aproximações necessárias entre história e meio ambiente ou a História Ambiental, iniciada pelos estudos dos annalistas franceses na segunda metade do século XX, como March Bloch, Fernand Braudel e Le Roy Ladurie, além de destacar os estudos dos brasileiros Sérgio Buarque de Holanda e Josimar de Almeida e do americano Warren Dian que se dedicou aos estudos da devastação da Mata Atlântica e a cultura dos povos indígenas.
         Outra aproximação citada é o estudo do patrimônio e da memória coletiva que são de suma importância por serem capazes de, através do estudo do meio, introduzirem os alunos no método de investigação histórica.
         Na terceira e última unidade é dado atenção especial ao livro didático e a inserção do documento histórico no ensino de história.
         O livro didático não é tudo, além de a autora entender que é exercício de política em sala de aula feito pelo agente do poder, sugere que com a ajuda do professor o material didático pode ser produzido pelo próprio aluno, ao escrever sobre um documento histórico, além de poderem produzir jogos, mapas, maquetes etc.
         O conteúdo do livro didático é visto com preocupação por Bittencourt não só por ser um instrumento ideológico, mas ser tratado como lucro dentro do sistema capitalista. Além disso, trás a consagração de fatos considerados eixos centrais da história como revoluções, guerras, descobrimentos e independências. Outros estudiosos tecem preocupações parecidas sobre as imagens e suas legendas, pois constroem o imaginário do aluno. O livro didático tem uma difícil, por ser categórico, dificulta a correção de estereótipos preconceituosos formados com o seu mal uso. A autora também trata algumas características com a mistura de instrumentos tradicionais e inovadores como a cronologia, a presença do estruturalismo, indicações de atividades lúdicas para determinada faixa etária.
         Apesar de muitas vezes ser tratado como fonte única do conhecimento, a autora não descarta a importância do seu uso, defende um uso adequado, ou seja, o livro é uma possibilidade auxiliar no conhecimento, pode ser usado como um guia e ser lido de forma espontânea pelo aluno.
         O uso didático dos documentos escritos e não escritos em sala de aula encerra as discussões propostas por Circe Bittencourt. Ferramenta que possibilitam a dinamização do conhecimento histórico, o uso de documentos históricos em sala de aula possibilita à livre interpretação do aluno em contato com métodos de pesquisa histórica, embora alguns historiadores sejam contra por acharem que há nesse método a tentativa de criar “pequenos historiadores”.
         Bittencourt salienta que a atividade da pesquisa histórica requer cuidados ao trabalhar com esse documentos de maneira didática, esse método apenas deve incitar a criatividade do aluno que deve ter apenas um primeiro contato e não ser obrigado a fazer uma análise complexa.
         Os documentos que devem se inseridos em sala de aula mencionados são: jornais, poemas, textos literários, romances, documentos pessoas dos alunos, obras de arte, peças de museus, iconografias diversas, filmes e músicas.
         Diante das abordagens feitas por Circe Bittencourt, podemos concluir que a atividade pedagógica em História é bastante complexa, levando em consideração as várias metodologias que podem ser adotadas pelo professor, tais discussões servem como solucionadoras de muitos problemas que acompanham a história da disciplina. A subjugação do modelo educacional brasileiro à economia neoliberal representa o novo obstáculo à realização de um ensino voltado parta atender a realidade brasileira, ou seja, o ensino feito para elevar o padrão de vida da sociedade. Questionamentos, críticas construtivas e discussões são meios para se chegar a uma conclusão, essa conclusão pode gerar reivindicações da sociedade ou de seus representantes o que interfere de alguma forma nas políticas públicas voltadas para um ensino de qualidade. Hoje temos um ensino e um profissional educador mais aberto a mudanças, uma história disposta a ser vista de diversas maneiras, um ensino que pelo menos em propostas é instigante e enriquecedor da consciência, embora ainda não despreze a prática tradicional da memorização.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação de da Pedagogia: Geral e Brasil. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2006.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
SHAFFER, David R. Psicologia do Desenvolvimento: Infância e Adolescência. Tradução de Cintia Regina Pemberton Cancissu. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.